domingo, 31 de agosto de 2008

Mediação - Conceito Zona de Desenvolvimento Proximal


Vygotsky afirma que a relação do homem com o mundo é mediada. Os processos de mediação modificam-se ao longo do desenvolvimento do indivíduo e as relações mediadas sobrepõem-se às diretas e a mediação ocorre por meio de signos e instrumentos.
As representações que substituem o real possibilitam à pessoa transcender o espaço e o tempo, estabelecer relações mentais na ausência de objetos, planejar, ter intenções. As representações mentais da realidade constituem os principais mediadores da relação homem-mundo.
O conceito de zona de desenvolvimento proximal, constituído pela distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, muda o olhar sobre a interação do aprendiz com outros aprendizes e com o educador. Pois deixa de observar apenas o produto final da aprendizagem, mas sim o seu processo, possibilitando a superação das dificuldades por meio da mediação do professor ou de colegas mais experientes.
Assim, esse caráter dinâmico do processo de ensino-aprendizagem e do seu resultado envolve uma postura diferente do educador, caracterizada pela mediação da aprendizagem.
A mediação pedagógica é a atitude, o comportamento do professor que se coloca como facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e a aprendizagem, que colabora ativamente para que o aprendiz chegue ao seu objetivo.
No processo de alfabetização o professor deve estar particularmente atento ao nível de desenvolvimento do aluno de forma a mediar adequadamente o processo, não exigindo do aluno uma autonomia que ele ainda não possui.

Interação- Processo Inter e Intra Subjetivo

O dinamismo da nossa realidade tem exigido um repensar de todo o processo de construção de conhecimento e do papel dos atores do processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido a visão histórico-cultural que concebe a relação entre sujeito e objeto, no processo de construção de conhecimento como interativa, vem preencher essa necessidade. A criança desde o seu nascimento já é inserida à história e a cultura de seus antepassados, em meio a uma rede histórico-cultural de diversos indivíduos e organizações, com as quais interage, participando de forma ativa da construção da sua cultura e de sua história. Ao se interagirem todos os sujeitos influenciam-se e modificam-se. Assim construção de conhecimento ocorre em dois momentos o inter subjetivo e o intra-subjetivo.

Aprendizagem da Leitura e Escrita

Sob a perspectiva de Vygotsky, o contato da criança, com símbolos da escrita, não garante o seu aprendizado pois, serão um punhado de códigos desprovidos de sentido, tratados fora do contexto do aprendiz.
Assim, na alfabetização, a aprendizagem da leitura e da escrita se dará eficientemente se trabalhada a linguagem em seu aspecto real e social.
Dentre os procedimentos recomendados, o mais importante é em relação ao uso social da linguagem (oral e escrita), iniciada pela compreensão das funções sociais da escrita, através da vivência de situações reais, na qual as pessoas fazem uso da escrita.
A função social da escrita refere-se ao fato de ser ela produzida para o meio social, dotada de significado e sentido, tanto para quem escreve como para quem lê, cumprindo o seu papel social. Relaciona-se diretamente ao seu papel na comunicação, entre pessoas.
Quando as crianças começam a "grafar" textos ainda elegíveis, o professor deve respeitar e valorizar esta escrita, pois o importante é o sentido que a criança dá ao texto.
A natureza da língua escrita estabelece que a aprendizagem da escrita exige mais do que a imitação do adulto que escreve, dando o seu caráter duplamente simbólico. A decifração do código escrito não se realiza sem a interferência e a explicação pelo mediador, dos critérios dessa convenção. O grau de mediação entre aprendiz e a relação significante/significado é que permite que ele se aproprie do código escrito.
A visão e a audição são os diferentes canais da codificação da escrita, que nem sempre atuam simultaneamente.
Portanto, dificilmente, alguém aprende a escrever sozinho sem alguma interferência, seja direta ou indiretamente, de outros sujeitos que possam estabelecer a relação entre linguagem oral e sua representação escrita, quer lendo em voz alta enquanto aponta a palavra, quer escrevendo à medida que lêem.

O sujeito - Wallon, Piaget e Vygotsky

Para Wallon a gênese da inteligência é genética e organicamente social, o sujeito em seu desenvolvimento deve ser considerado como "geneticamente social". O estudo da criança deve ser contextualizado, nas relações com o meio, pois a atividade do homem é inconcebível sem o meio social. O organismo seria a condição primeira do pensamento, pois toda função psíquica supõe um componente orgânico. No entanto, não é condição suficiente, pois o objeto da ação mental vem de fora, do ambiente no qual o sujeito está inserido. Assim, propõe a psicogênese da pessoa completa, o estudo integrado do desenvolvimento, pois considera que não é possível selecionar um único aspecto de ser humano e vê o desenvolvimento nos vários aspectos funcionais nos quais distribui a atividade infantil(afetivo, motor e cognitivo).
Para Piaget o sujeito constrói o conhecimento a partir da ação sobre a realidade. É elaborado no interior do sujeito, que desenvolve estruturas mentais adequadas ao conhecimento. É o seu olhar sobre a realidade, a maneira de apropriar-se dela que constrói conhecimento. A interação ocorre por meio da interação entre sujeito x objeto x meio - tendo em vista seu caráter essencialmente social
Para Vygotsky o sujeito não só age sobre a realidade, como também interage com ela, construindo seus conhecimentos, a partir das relações consigo mesmo e com a realidade exterior, que inclui o outro. Vê o homem como um ser social e culturalmente contextualizado, estabelecendo interações com esse contexto, construindo os conhecimentos a partir desas interações. Assim, a aprendizagem é mediada pelo contexto sócio-histórico, político e cultural.


sábado, 30 de agosto de 2008

"A Importância do ato de Ler"



Paulo Freire apresenta a leitura não apenas como o ato de decifrar palavras escrita, mas também, o ato do conhecimento, o ato de saber decifrar o que acontece ao nosso redor. É saber fazer uma leitura de nossa condição dentro da sociedade, portanto antes de saber ler a palavra faz se necessário a leitura do mundo.
Dessa forma, a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica na continuidade da leitura daquele. Movimento em que a palavra dita flui no mundo mesmo através da leitura que dele fazemos.


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Alfabetização e Letramento

Os vários estudiosos sobre a alfabetização definem o tema de acordo com a visão de cada época. Assim, transformações sociais, econômicas e tecnológicas, exigiram mudanças no conceito de alfabetização.
Do simples objetivo de desenvolver a habilidade de ler e escrever, num processo mecânico de codificação do oral (para escrever) e de decodificação da escrita (para ler) restrito a situação da sala de aula, passa a ser concebido como processo permanente de interpretação e produção de sentido, capaz de desenvolver funções cognitivas que possibilitem a consciência crítica da pessoa para o pleno exercício da cidadania, assumindo uma dimensão política e social.

O conceito de letramento é recente, freqüente na bibliografia acadêmica e de uso quase que exclusimamente de pesquisadores. Portanto, devido sua dimensão social, não está pronto e acabado. Segundo Magda Soares, surge do reconhecimento de que o conceito de alfabetização tornou-se insatisfatório e da necessidade de uma alfabetização mais inclusiva e abrangente. Assim letramento é: "o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e escrita, em um contexto específico, e como essas habilidades se relacionam com as necessidades, os valores e as práticas sociais.

Apesar de alfabetização e letramento serem dois conceitos distintos o importante é que nos anos de escolarização se complementem, num processo de sedução para o mundo das letras, formando uma nova prática pedagógica, principalmente no trabalho com as camadas populares que não convivem com material escrito. Dessa forma, alfabetizar letrando significa orientar a criança para o domínio da técnica da leitura e da escrita, ou seja, ao processo da leitura e escrita imprescindível para sua entrada no mundo da escrita e "empoderá-la" (dar-lhe o poder) do hábito e competências na utilização dos diferentes gêneros textuais em diferentes suportes, portadores, contextos e circunstância, para o pleno exercício da cidadania.